02 setembro, 2016

Discurso sobre Sexualidade Humana !


“A sexualidade é o engenhoso meio que o Criador escolheu para chamar as pessoas constantemente a sair de si mesmas e entrar em relação com outros”.
 Trecho do livro Sexualidade Humana

Saúdo nesta noite a mesa diretora composta por Frei Alberto Eckel Junior, Lucas Moreira Almeida, Franklin Matheus da Costa. Diretor, Presidente e Secretário, respectivamente.
Venho falar a vocês hoje sobre um tema que abrange todos os aspectos do homem, particularmente a aptidão a criar laços com os outros. Tomei por tema a sexualidade humana. Se me perguntarem por que falarei disso não saberia a resposta certa. Talvez o motivo seja quebrar alguns preconceitos como dizer que a sexualidade se resume no sexo.



Para entendermos melhor o sentido da sexualidade vou ler um documento da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, intitulado como declaração sobre alguns pontos da ética sexual: “A pessoa humana, segundo dados da pesquisa científica contemporânea, é tão profundamente afetada pela sexualidade, que esta deve ser considerada como um dos fatores que conferem à vida de cada um dos indivíduos os traços principais que a distinguem”. É do sexo efetivado, que a pessoa humana recebe aqueles caracteres que, no plano biológico, psicológico e espiritual, os fazem homem e mulher, condicionado por isso em grande escala, a consecução da maturidade e a sua inserção na sociedade. ’’
Ou seja, o homem é formado singularmente pela sua sexualidade. Logo em nenhum outro lugar no mundo vá existir outro Flávio, outro Odirlei, outro Éverton. E é através dela que nós alcancemos maturidade e nos inserimos na sociedade. Sei que está em pouco confuso, por isso dividirei minha predica em três partes, a saber:
·        Definição de Sexualidade;
·        Personalidade;
·        Castidade;

Dou inicio ao primeiro tópico: DEFINIÇÃO DE SEXUALIDADE.
A sexualidade humana é a manifestação do chamado divino à perfeição. Este chamado é dirigido a todos no ato da criação e enraizado no próprio cerne do ser. Desde o primeiro momento nos convoca no crescimento Intrapessoal e Interpessoal.  Intrapessoal porque impele a cada homem e mulher criar o homem e a mulher que estão destinados a Ser. Interpessoal porque chama a ir ao encontro do outro que sem o qual nunca se alcançará a integridade plena. Como todos os aspectos humanos a sexualidade está destinada a serem as nossas relações.
Ela não está isolada no físico e no biológico, acidental aos seres humanos, mas é parte integrante da nossa missão de comunicar-se aos outros. Cargo é expressamente proibido dizer que a sexualidade é manchada de culpa. Antes deve ser usada para facilitar o crescimento humano para a plena maturidade.
O maior exemplo de sexualidade integrada que temos é Jesus, nosso modelo, que soube mais que ninguém sair de si para ir ao encontro do outro, mas é claro que nada disso apaga nosso desejo de prazer.
Com isso entro no meu segundo tópico: PERSONALIDADE.
A sexualidade é um favor que impregna e constitui a estrutura da existência humana. Nisso está implícito a realidade de que nós “somos’’ corpo. E essa realidade molda nossa percepção de mundo. E dentro disso a sexualidade nos abre, nos faz presente no que não sou eu, mas é outro. E esse outro pode ser objeto ou sujeito. Ou seja, a sexualidade é o modo como minha realidade, minha subjetividade sai de si própria e vai ao encontro do outro sujeito. Não nascemos para sermos uma realidade, um acontecimento isolado, mas temos a necessidade de ir ao encontro do outro sujeito, do outro corpo.
Nesse encontro temos a copulação, sexo e o orgasmo que sem dúvida é a experiência mais satisfatória que realiza em nós uma das necessidades primarias do homem, o prazer sexual.
Psicólogos modernistas afirmam que esse encontro não se apenas nas relações HETEROSSEXUAIS, mas podem se houver nas relações HOMOSSEXUAIS. Uma coisa é certa, a anatomia favorece o sexo entre homem e mulher. E com isso gera vida.
Vejamos uma pessoa com ouvidos agudos vai ter uma percepção de mundo diferente de alguém com olfato apurado, que vai ter uma percepção diferente de alguém com qualquer outro dote. Uma pessoa com as mãos grandes e grosseiras vai ter uma experiência diferente de outras com mãos pequenas e delicadas. Anatomia e fisionomia mudam nossa relação com o mundo logo o corpo feminino sente a realidade diferente do corpo masculino. Por isso, ambos se completam, por que são diferentes.
Mas, claro que a sexualidade não se resume nisso, na genitália. Se pensarmos como sendo do isso ela se orna em nós destrutiva e resulta em frustração pessoal e alienação interpessoal. Quando a integramos ela se torna sadia e fomenta um crescimento criativo para as relações. Com isso entro em meu terceiro tópico: A VIRTUDE DA CASTIDADE.
Antes do Concilio vaticano II tinha-se a realidade Castidade como reguladora do apetite sexual, como vemos nesta frase de Haryj Davis : A castidade é a virtude moral que regula nos casados e excluídos nos solteiros todas expressão voluntaria do apetite sensível de prazer venéreo’’. Essa afirmação estaria correta se a única finalidade da sexualidade fosse a procriação, no entanto não é. Essa virtude não se limita ao ato em si, mas suas exigências são maiores. Ela marca toda a personalidade no comportamento, exterior e interior.
A castidade pode ser definida, então, como aquilo que transforma o potencial da sexualidade humana em uma força criativa e integradora no homem ou na mulher. Ela facilita as relações na comunidade. Torna possível o desenvolvimento intrapessoal e interpessoal.
Quando voltamos essa força interior, a sexualidade, apenas para o prazer, o sexo, a masturbação, dando a ela a finalidade de nos fazer ejacular nós abafamos a castidade e nos tornamos descontrolados. Perdemos o controle da cabeça. Como diria o Frei Robson Parafraseando a legenda Perusina : “ Óculos castos na cabeça de cima.’’
Ser casto não se da do dia para noite. Não será, ou é, um nó no cordão que me da essa virtude, mas brota: de um desejo pessoal; de querer viver aquilo que é vontade de Deus; de conhecimento do que é a sexualidade; de uma aceitação da própria sexualidade como dom de Deus fundamentalmente bom; de um respeito ao que é a sexualidade, que não é um mero acontecimento biológico, físico, genital e  emocional; de um conhecimento de que a busca pela sexualidade perpassa a vida inteira e deve-se estar aberto a aquilo que ela propõe; de uma intensa relação com o transcendente; de uma autodisciplina, sabendo que houve, há e haverá grandes lutas contra o nosso próprio eu.
Todos são chamados à castidade: clérigos, casados, religiosos, homossexuais, solteiros. Claro que será diferente a vivencia da sexualidade, mas em nenhuma forma de vida ela pode ser apagada ou suprimida, antes deve ser orientada para uma integridade, para criar laços e cumprir o mandamento do Senhor: “Amai-vos uns aos outro...”
Esse é o convite que o Senhor nos faz: amar. Sem medo. Porque aquele que mais amou, com perfeição, entregou-se por inteiro a aquela que ele amava a Igreja. Esse é o convite que eu faço a vocês: amem. Só pelo amor nós chegamos a aquilo que é desejo de Deus, sermos perfeitos. Desejo esse que foi implantado no mais intima do nosso ser. Achemos aquilo que gostamos de fazer, que temos o dom e canalizemos nossa sexualidade, para assim ao entramos num quarto com uma mulher, com homem, tenhamos olhos castos, mente casta, espirito casto, corpo casto, e saibamos o que não podes fazer.

Da legenda Perusina: “Um rei piedoso e poderoso mandou sucessivamente dois mensageiros à rainha. O primeiro voltou e se limitou a referir palavra por palavra. Dessa maneira, os olhos do sábio tinham ficado na cabeça, sem cair para lugar nenhum. O outro voltou, e depois de ter contado as poucas palavras, narrou uma longa história sobre a beleza da senhora: Na verdade, senhor viu uma mulher belíssima. Feliz que quem pode aproveitar. Ele disse: Tu, servo mau, lançaste os olhos impudicos sobre minha esposa? É claro que estavas querendo comprar sutilmente o que admirastes. Mandou chamar de novo o primeiro e disse: “O que achaste da rainha”? Ele: Ótima, porque ouviu de boa vontade e respondeu sagazmente. E não há nela nenhuma formosura? Senhor meu, isso cabe a ti olhar; eu tinha que referir as palavras. O rei deu a sentença: Tu, casto de olhos, ficarás na camera com o corpo ainda mais casto. Mas essa outra “saia da casa, para não poluir meu leito”.
Agremiado 2º ano Flávio Ysmael R. Santos

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